Esperança
Rudolf Bultmann
A esperança, como espera do bem, está intimamente ligada com a confiança e a esperança ao mesmo tempo, uma espera ansiosamente buscada.
Por isso a esperança é sempre a espera de um bem, o homem que tem esperança vive (Ec 9.4: Ora, para aquele que está entre os vivos há esperança (porque melhor é o cão vivo do que o leão morto).
Essa esperança não tem valor algum como uma fantasia que trás consolo; que alivia ou encerra o sofrimento presente, e tão pouco é garantia contra a insegurança presente. Ao contrario, a vida de um homem piedoso se funda precisamente na esperança.
Ter esperança é ter futuro é sinal de que tudo que o homem se refere esta em jogo. A esperança tem por objeto Deus.
Esperança é quando o homem se ver em apuros, e é livre pela ajuda de Deus (Sl 24.1: DO SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam). Essa confiança em Deus (esperança) se exige sempre e em todas as situações.
O homem justo se reconhece sempre orientado no que Deus fará, de modo que a esperança não espera algo determinado, não se forja uma imagem determinada do futuro. Ele se funda em uma confiança totalmente geral na proteção e ajuda de Deus. Por isso, pode dizer que Deus é a esperança e a garantia do justo.
Ninguém deve confiar em sua riqueza (Jó 31.24: Se no ouro pus a minha esperança, ou disse ao ouro fino: Tu és a minha confiança), em sua justiça (Ez 33.13: Quando eu disser ao justo que certamente viverá, e ele, confiando na sua justiça, praticar a iniqüidade, não virão à memória todas as suas justiças, mas na sua iniqüidade, que pratica, ele morrerá) e nos homens (Jr 17.5: Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR!) ou nos ídolos (Hab 2.18: Que aproveita a imagem de escultura, depois que a esculpiu o seu artífice? Ela é máscara e ensina mentira, para que quem a formou confie na sua obra, fazendo ídolos mudos?).
Os planos dos homens são um sopro; Deus os destruirá (Sl 32.10; Is 19.3; Pr 16.9: O coração do homem planeja o seu caminho, mas o SENHOR lhe dirige os passos). A esperança deve se dirigir ao que não esta a disposição do homem.
A esperança que confia em Deus se livra do temor (Is 7.4; 12.2; Sl 45.3; Pr 28.1: OS ímpios fogem sem que haja ninguém a persegui-los; mas os justos são ousados como um leão); mas deve ir justamente acompanhada do temor de Deus (Is 32.11; Sl 32.18; 39.4: Faze-me conhecer, SENHOR, o meu fim, e a medida dos meus dias qual é, para que eu sinta quanto sou frágil). Por isso deve ser uma esperança tranquila em Deus. A imagem contraria é Jó, que não quer esperar (Jó 6.11; 13.15: Ainda que Ele me mate, nEle esperarei; contudo os meus caminhos defenderei diante dele).
Se a ajuda que se espera de Deus é, em primeiro lugar, uma ajuda para sair de um apuro ou necessidade concreta, em último termo, se trata de uma ajuda escatológica que põe fim a todas as necessidades.
A atitude de esperança e confiança se converte cada vez mais em uma expressão de convencimento de que todo o presente e terreno são passageiros e a única coisa que importa é a esperança de um futuro escatológico (fim de todas as necessidades).
*Tradução feita pelo Pastor David Rubens no dia 10/11/2010. Obra: BULTMANN, Rudolf. Diccionario Teológico Del Nuevo Testamento; Esperanza. Madrid. España: Ediciones Fax. 1974. p. 31-35