PENSADORES QUE EXERCERAM INFLUÊNCIA
NA FORMAÇÃO INICIAL DE RUDOLF BULTMANN
Bultmann cresceu
na famosa escola da Teologia Liberal Alemã[1]
do século XIX: Seus mestres foram homens de clara fama liberal e de orientação histórico-crítica. Ele mesmo deixou a
lista daqueles em relação aos quais sente-se particularmente devedor:
Em Tübingen, o
historiador da Igreja Karl Müller (1842-1940). Em Berlim, o estudioso
vétero-testamentário Hermann Gunkel (1862-1932): conhecido por sua contribuição
para “crítica da forma”, e o estudo
da tradição oral em textos bíblicos. E o grande historiador dos dogmas Adolf
von Harnack (1851-1930): suas duas obras mais conhecidas são: “Manual
de história do dogma”, em três volumes e a série de palestras “A essência do cristianismo”, texto
clássico dateologia liberal.
Harnack defendeu em sua obra principal História
dos Dogmas, a evolução dos dogmas do cristianismo pela helenizacão
progressiva da fé cristã primitiva.
Em Marburg, dois estudiosos do Novo
Testamento; Adolf Jülicher (1857-1938): teorizava que Jesus não afirmou
ser o Messias, mas que a igreja primitiva tinha reivindicado que era. Segundo
esta teoria, o autor do evangelho de Marcos tinha inventado a ideia de “segredo
messiânico”, segundo o qual Jesus tentou esconder sua identidade, e só revelou
a alguns de seus discípulos. Johannes Weiss (1863-1914): conhecido por seu trabalhodacrítica do
Novo Testamento. Ele escreveuasprimeiras
interpretaçõesescatológicasdos Evangelhos (1892) e, em seguida, estabeleceu os princípios da “crítica
da forma”: análise das passagens bíblicas através de sua forma estrutural.
O
teólogo sistemático Johann Wilhelm
Herrmann
(1846-1922), que era seguidor de Kant e Ritschl, é
a mais significativa influência liberal no pensamento de Bultmann. Herrmann
afirmava que a religião não pode ser totalmente assimilada pela ciência ou pela
filosofia. Ela não pode ser reduzida a algo universalmente válido, mas está
relacionada com a vida particular de cada indivíduo. “Herrmann critica
duramente a adoção que o cristianismo fez da metafísica, confundindo religião e
filosofia e se esquecendo do aspecto sui
generis da religião” (PIEPER, 2003, p. 21).
E o teólogo
sistemático Johann Wilhelm
Herrmann
(1846-1922): influenciado por Kant
e Ritschl, via Deus como o poder
da bondade. “Jesus era visto como um homem exemplar. Mesmo que Jesus nunca
existiu, de acordo com Herrmann” (Ibidem, p. 21), seu retrato tradicional
ainda era válido. Seu livro “A Comunhão do Deus cristão” era visto como
um dos destaques do século XIX.
David Rubens
[1] A teologia liberal encontrou seu método na filosofia kantiana, a
inacessibilidade da esfera religiosa à razão pura e, ao mesmo tempo, a redução
da religião aos limites da mera razão. “Com a teologia liberal, tem início, assim, um processo de secularização
da religião, seguindo o itinerário filosófico ou o histórico-filológico
(Scheleiermacher, Ritschl, vonHarnach). Trata-se de uma teologia que parte da
força de superação das contradições (Hegel) para harmonizar fé e razão,
revelação e razão, humanismo e cristianismo” (GIBELLINI, 2002, p. 148).