domingo, 21 de abril de 2013

Os Mestres de Bultmann


PENSADORES QUE EXERCERAM INFLUÊNCIA NA FORMAÇÃO INICIAL DE RUDOLF BULTMANN

Bultmann cresceu na famosa escola da Teologia Liberal Alemã[1] do século XIX: Seus mestres foram homens de clara fama liberal e de orientação histórico-crítica. Ele mesmo deixou a lista daqueles em relação aos quais sente-se particularmente devedor:
Em Tübingen, o historiador da Igreja Karl Müller (1842-1940). Em Berlim, o estudioso vétero-testamentário Hermann Gunkel (1862-1932): conhecido por sua contribuição para “crítica da forma”, e o estudo da tradição oral em textos bíblicos. E o grande historiador dos dogmas Adolf von Harnack (1851-1930): suas duas obras mais conhecidas são: “Manual de história do dogma”, em três volumes e a série de palestras “A essência do cristianismo”, texto clássico dateologia liberal. Harnack defendeu em sua obra principal História dos Dogmas, a evolução dos dogmas do cristianismo pela helenizacão progressiva da fé cristã primitiva.
Em Marburg, dois estudiosos do Novo Testamento; Adolf Jülicher (1857-1938): teorizava que Jesus não afirmou ser o Messias, mas que a igreja primitiva tinha reivindicado que era. Segundo esta teoria, o autor do evangelho de Marcos tinha inventado a ideia de “segredo messiânico”, segundo o qual Jesus tentou esconder sua identidade, e só revelou a alguns de seus discípulos. Johannes Weiss (1863-1914): conhecido por seu trabalhodacrítica do Novo Testamento. Ele escreveuasprimeiras interpretaçõesescatológicasdos Evangelhos (1892) e, em seguida, estabeleceu os princípios da “crítica da forma: análise das passagens bíblicas através de sua forma estrutural.
O teólogo sistemático Johann Wilhelm Herrmann (1846-1922), que era seguidor de Kant e Ritschl, é a mais significativa influência liberal no pensamento de Bultmann. Herrmann afirmava que a religião não pode ser totalmente assimilada pela ciência ou pela filosofia. Ela não pode ser reduzida a algo universalmente válido, mas está relacionada com a vida particular de cada indivíduo. “Herrmann critica duramente a adoção que o cristianismo fez da metafísica, confundindo religião e filosofia e se esquecendo do aspecto sui generis da religião” (PIEPER, 2003, p. 21).
E o teólogo sistemático Johann Wilhelm Herrmann (1846-1922): influenciado por Kant e Ritschl, via Deus como o poder da bondade. “Jesus era visto como um homem exemplar. Mesmo que Jesus nunca existiu, de acordo com Herrmann” (Ibidem, p. 21), seu retrato tradicional ainda era válido. Seu livro “A Comunhão do Deus cristão” era visto como um dos destaques do século XIX.

David Rubens


[1] A teologia liberal encontrou seu método na filosofia kantiana, a inacessibilidade da esfera religiosa à razão pura e, ao mesmo tempo, a redução da religião aos limites da mera razão. “Com a teologia liberal, tem início, assim, um processo de secularização da religião, seguindo o itinerário filosófico ou o histórico-filológico (Scheleiermacher, Ritschl, vonHarnach). Trata-se de uma teologia que parte da força de superação das contradições (Hegel) para harmonizar fé e razão, revelação e razão, humanismo e cristianismo” (GIBELLINI, 2002, p. 148). 
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