sábado, 29 de junho de 2013
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Bultmann: O grande nome da Universidade de Marburgo
Rainer Kessler, professor de Antigo Testamento em
Marburg
Recentemente em uma conversa, perguntei
ao Prof. Rainer Kessler, professor de Antigo Testamento na Universidade de
Marburg, Alemanha, o que Bultmann representa para a Universidade hoje, Rainer
respondeu que “Bultmann foi o principal nome da Universidade de Marburg, a vasta
produção de Bultmann sobre a interpretação do Novo Testamento continua sendo
objeto de interesso de estudantes do mundo todo”.
quarta-feira, 1 de maio de 2013
Ulrich H J Körtner. Artigo sobre Bultmann
Departamento de Teologia Sistemática na Faculdade de Teologia Evangélica
e do Instituto de Ética e Direito na Medicina da Universidade de Viena
Busto de Bultmann na Universidade de Marburg
Rudolf Bultmann – Instituto de Hermenêutica
A Universidade de Marburg tem uma tradição hermenêutica longa e grande
na área de humanas. Neste ambiente, Rudolf
Bultmann desenvolveu um dos programas mais desafiadores da hermenêutica teológica.
domingo, 21 de abril de 2013
A OBRA DE BULTMANN
A produção
literária de Bultmann é vasta, ele trabalhou temas que vão desde a crítica das
fontes, crítica literária, filologia clássica, exegesse técnica, estudos
gnósticos, filosofia existencial e hermenêutica. Para Battista Mondin, “todos
os escritos de Bultmann são altamente significativos e levam a marca de um
estudioso consciencioso, atento, agudo, profundo em geral, dotado de uma
bagagem crítica e filosófica em comum” (MONDIN, 2003, p. 178).
As
principais obras de Bultmann:
1910 – O estilo da pregação paulina e a diatribe
cínico-estóica. Tese de doutoramento em Marburg.
1912 – A exegese de Teodoro de Mopsuéstia. Tese
de habilitação à cátedra em Marburg.
1921 – A história da tradição sinótica. Obra de
grande erudição em que, lançando mão de um “radicalismo crítico”, ele
reconstrói a formação da tradição sinótica, a partir das tradições
pré-literárias nascidas no contexto vivo das primeiras comunidades cristãs, até
o trabalho redacional de fixação do texto.
1925 – O problema de uma exegese teológica do Novo
Testamento. Estudo do período dialético.
1926 – Jesus. Ao investigar o ensinamento do
Jesus terreno, Bultmann realçou que a proclamação de Jesus está centrada na
vinda do reino de Deus.
1928 – O significado da teologia dialética para a
ciência neotestamentária.
1933 – Crer e compreender (volume 1). Ensaios
publicados em diversos períodos entre os anos de 1924 e 1930.
1941 – O Evangelho de João. “Em seu vigoroso
comentário, ressalta a considerável rede de influência helenística, gnóstica e
‘mandéias’ a que o autor de tal evangelho foi submetido” (MONDIN, 2003, p.179).
1949 – O cristianismo primitivo no contexto das
religiões antigas. Esta obra aborda as relações do cristianismo primitivo
com o mundo do judaísmo, da filosofia grega e do helenismo, em que ele surgiu e
se expandiu.
1952 – Crer e compreender (volume 2). Contém
uma seleção de ensaios, de 1931 a 1951.
1953 – Teologia do Novo Testamento (1ª parte:
1948; 2ª parte: 1951; 3ª parte: 1952). Trata-se da principal obra de Bultmann.
1956 – Sermões em Marburg. Seleção de sermões
de Bultmann, proferidos entre 1936 e 1950.
1957 – História e escatologia. Nesta obra
Bultmann distingui história enquanto fatos acontecidos (Historie) e história enquanto percepção de eventos em sua
repercussão e efeitos, na situação dada e nas possibilidades da existência
humana (Geschichte).
1958 – Jesus Cristo e mitologia. Série de
conferências proferidas em 1951, nos Estados Unidos (Universidade de Yale e
Vanderbilt, entre outras).
1960 – Crer e compreender (volume 3). Contém
ensaios de 1952 a 1958. Trata-se de artigos relacionados com a hermenêutica.
1965 – Crer e compreender (volume 4). Contém
ensaios de 1961 a 1964. “Escritos no tempo da emergência da assim chamada ‘teologia
da morte de Deus’ que suscitou intenso debate no qual Bultmann contribuiu, de
maneira positiva e crítica, a partir de sua própria concepção teológica”
(BULTMANN, 2001, p. 17).
1967 – Exegética. As principais contribuições
exegéticas de Rudolf Bultmann.David Rubens
CARREIRA ACADÊMICA DE RUDOLF BULTMANN
A atividade
profissional de Bultmann começou em Oldenburg em 1907, onde ensinou no ginásio.
Em 1912, começou sua carreira acadêmica, inicialmente na qualidade de livre
docente de exegese neotestamentária na Universidade de Marburg, neste período
Bultmann publicou cinco artigos e oito resenhas de livros, tudo relacionado ao
método histórico crítico do Novo Testamento. Em 1916 foi nomeado encarregado na
Universidade de Wroclaw (Breslau), foi no período em que ensinava em Breslau
que Bultmann escreveu a História da
Tradição Sinótica. Nesse meio tempo, Bultmann casara-se com Helene Feldman
(1920), tendo duas filhas[1] de
seu feliz matrimônio. Em 1920, foi chamado a suceder o célebre biblista Wilhelm
Bousset[2] na
Universidade de Giessen, mas apenas um ano depois preferiu deixar essa
universidade para retornar a Marburg, que ele sempre considerou a sua pátria
acadêmica, a fim de assumir a cátedra de Novo Testamento e de História da
Igreja Primitiva sucedendo o teólogo liberal Wilhelm Heitmüller. Em 1921
Bultmann publicou uma de suas obras mais significativas, História da Tradição Sinótica, na qual introduziu no âmbito da
pesquisa neotestamentária o Método
Histórico das Formas. Entre os colegas de Bultmann em Marburg havia Rudolf
Otto (que sucedeu Wilhelm Hermann) e Martin Heidegger. Além disso, Karl Barth e
Friedrich Gogarten também lecionaram em Marburg. Todos estes quatro exerceram
influência na teologia de Bultmann. Neste período ele abandonou a orientação
liberal na qual tinha crescido e se aliou a Karl Barth e ao movimento da teologia dialética.[3]
Ainda que sua passagem por essa teologia tenha sido rápida, muitos de seus
conceitos marcaram seu pensamento notoriamente
antiliberal e antimodernista.
Bultmann justificou seu afastamento da teologia
liberal alegando que o tema da teologia é Deus, e que a teologia liberal não
lidou com Deus, mas com o ser humano. Mas a mudança de Bultmann para a teologia
dialética não implicou no abandono total do liberalismo. O método
histórico-crítico é evidente no trabalho histórico de Bultmann. Para ele, o
método histórico-crítico se mostra como ferramenta útil na interpretação de
textos históricos. Contudo, assim como pensava Hermann, Bultmann assevera que a
fé cristã não deve se fundamentar nessa forma acadêmica do estudo da religião.
Frederico Pieper
Pires comenta que em um texto de 1924, Bultmann tece críticas à teologia
liberal, reconhece seus méritos e influência:
A teologia liberal possui na
primazia do interesse histórico, o seu caráter distintivo, e neste campo, fez
suas maiores contribuições. Essas contribuições não se limitaram ao
esclarecimento do quadro histórico. Elas foram especialmente importantes para o
desenvolvimento do senso crítico, isto é, para a liberdade e para a veracidade.
Nós que viemos da teologia liberal nunca teríamos nos tornado teólogos e assim
permanecido se não tivéssemos encontrado nessa teologia a busca persistente da
verdade radical (PIEPER,
2003, p. 22).
Após se aposentar, em
1951, viajou aos Estados Unidos e fez aí inúmeras palestras neste país até sua
morte, manteve intenso diálogo com vários críticos e discípulos. Bultmann
morreu em 30 de Julho de 1976, aos 92 anos (BULTMANN, 1964, p. 337).
David Rubens
[1]Antje Bultmann (nascida em 27 de
julho de 1918), primeira filha de Bultmann. Gesine Bultmann (nascida em 1 de
julho de 1920), segunda filha de Bultmann.
[2]Wilhelm Bousset (1865-1920), Bousset era uma figura proeminente da Escola da História das Religiões. Seu trabalho mais conhecido envolveu estudos
comparativos entre a Igreja Cristã e outras crenças religiosas, particularmente judaísmo helênico. Bousset demonstrou em seus escritos que o pensamento
cristão foi profundamente influenciado pelas culturas vizinhas e sistemas de
crenças.
[3] A teologia dialética, denunciou as tentativas realizadas pela teologia liberal de reduzir ao silêncio
a Palavra de Deus. A teologia dialética,
afirma que o homem só com as suas forças (a filosofia, a cultura, a religião)
não pode alcançar Deus, já que existe uma infinita diferença qualitativa entre
Deus e o homem. Principais nomes da teologia dialética: Rudolf Bultmann, Karl Barth, Emil Brunner, Friedrich Gogarten, Eduard
Thurneysen.
Os Mestres de Bultmann
PENSADORES QUE EXERCERAM INFLUÊNCIA
NA FORMAÇÃO INICIAL DE RUDOLF BULTMANN
Bultmann cresceu
na famosa escola da Teologia Liberal Alemã[1]
do século XIX: Seus mestres foram homens de clara fama liberal e de orientação histórico-crítica. Ele mesmo deixou a
lista daqueles em relação aos quais sente-se particularmente devedor:
Em Tübingen, o
historiador da Igreja Karl Müller (1842-1940). Em Berlim, o estudioso
vétero-testamentário Hermann Gunkel (1862-1932): conhecido por sua contribuição
para “crítica da forma”, e o estudo
da tradição oral em textos bíblicos. E o grande historiador dos dogmas Adolf
von Harnack (1851-1930): suas duas obras mais conhecidas são: “Manual
de história do dogma”, em três volumes e a série de palestras “A essência do cristianismo”, texto
clássico dateologia liberal.
Harnack defendeu em sua obra principal História
dos Dogmas, a evolução dos dogmas do cristianismo pela helenizacão
progressiva da fé cristã primitiva.
Em Marburg, dois estudiosos do Novo
Testamento; Adolf Jülicher (1857-1938): teorizava que Jesus não afirmou
ser o Messias, mas que a igreja primitiva tinha reivindicado que era. Segundo
esta teoria, o autor do evangelho de Marcos tinha inventado a ideia de “segredo
messiânico”, segundo o qual Jesus tentou esconder sua identidade, e só revelou
a alguns de seus discípulos. Johannes Weiss (1863-1914): conhecido por seu trabalhodacrítica do
Novo Testamento. Ele escreveuasprimeiras
interpretaçõesescatológicasdos Evangelhos (1892) e, em seguida, estabeleceu os princípios da “crítica
da forma”: análise das passagens bíblicas através de sua forma estrutural.
O
teólogo sistemático Johann Wilhelm
Herrmann
(1846-1922), que era seguidor de Kant e Ritschl, é
a mais significativa influência liberal no pensamento de Bultmann. Herrmann
afirmava que a religião não pode ser totalmente assimilada pela ciência ou pela
filosofia. Ela não pode ser reduzida a algo universalmente válido, mas está
relacionada com a vida particular de cada indivíduo. “Herrmann critica
duramente a adoção que o cristianismo fez da metafísica, confundindo religião e
filosofia e se esquecendo do aspecto sui
generis da religião” (PIEPER, 2003, p. 21).
E o teólogo
sistemático Johann Wilhelm
Herrmann
(1846-1922): influenciado por Kant
e Ritschl, via Deus como o poder
da bondade. “Jesus era visto como um homem exemplar. Mesmo que Jesus nunca
existiu, de acordo com Herrmann” (Ibidem, p. 21), seu retrato tradicional
ainda era válido. Seu livro “A Comunhão do Deus cristão” era visto como
um dos destaques do século XIX.
David Rubens
[1] A teologia liberal encontrou seu método na filosofia kantiana, a
inacessibilidade da esfera religiosa à razão pura e, ao mesmo tempo, a redução
da religião aos limites da mera razão. “Com a teologia liberal, tem início, assim, um processo de secularização
da religião, seguindo o itinerário filosófico ou o histórico-filológico
(Scheleiermacher, Ritschl, vonHarnach). Trata-se de uma teologia que parte da
força de superação das contradições (Hegel) para harmonizar fé e razão,
revelação e razão, humanismo e cristianismo” (GIBELLINI, 2002, p. 148).
RUDOLF BULTMANN: UMA APROXIMAÇÃO
Rudolf Karl
Bultmann nasceu em Wiefelstede (Oldenburg), na Alemanha, em 20 de agosto de
1884. Filho mais velho de Arthur Bultmann, pastor protestante da Igreja
Luterana. Seus avôs paternos foram missionários na África e seu avô materno
tinha sido pastor na pietista região sul da Alemanha (GRENZ, OLSON, 2003,
p. 102). Bultmann cursou a escola primária em Rastede. O ginásio, em Oldenburg
(1895-1903) foi colega do filósofo existencialista Karl Jaspers.[1] No
liceu estudou a história da religião, distinguiu-se pelo estudo do grego e da história
da literatura alemã (BULTMANN, 1964, p. 335).
Concluído o liceu,
iniciou seus estudos teológicos na Universidade de Tübingen, em 1903. No ano
seguinte, passou para a Universidade de Berlim e dois anos depois para a
Universidade de Marburg. Foi aí que, em 1910, licenciou-se em Teologia, com a
tese: O Estilo da Pregação Paulina e a
Diatribe Cínico-Estóica, um tema sugerido a ele por Johannes Weiss. Dois
anos mais tarde obteve a livre docência, com uma dissertação sobre a Exegese de Teodoro de Mopsuéstia, um
tema proposto por Adolf Jülicher.
[1]Karl
Theodor Jaspers (1883-1969), psiquiatra e
filosofo, teve forte influência na teologia moderna e na filosofia. Jaspers
tentou descobrir um sistema filosófico inovador. Foi muitas vezes visto como um
dos maiores expoentes do existencialismo na Alemanha, apesar de ele mesmo não
aceitar este rótulo.
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Livros de Rudolf Bultmann em Português
"...já não podemos conhecer qualquer coisa sobre a vida e a personalidade de Jesus, uma vez que as primitivas fontes cristãs não demonstram interesse por qualquer das duas coisas, sendo além disso fragmentárias e muitas vezes lendárias, e não existem outras fontes".
Bultmann
Livros que tenho em minha biblioteca e leio frequentemente.
Jesus: Editora Teológica
Teologia do Novo Testamento: Editora Teológica
Demitologização: Editora Sinodal
Crer e Compreender: Editora Sinodal
Jesus Cristo e Mitologia: Fonte Editorial
Milagre: Fonte Editorial
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