segunda-feira, 13 de maio de 2013

Bultmann: O grande nome da Universidade de Marburgo


Rainer Kessler, professor de Antigo Testamento em Marburg


Recentemente em uma conversa, perguntei ao Prof. Rainer Kessler, professor de Antigo Testamento na Universidade de Marburg, Alemanha, o que Bultmann representa para a Universidade hoje, Rainer respondeu que “Bultmann foi o principal nome da Universidade de Marburg, a vasta produção de Bultmann sobre a interpretação do Novo Testamento continua sendo objeto de interesso de estudantes do mundo todo”.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Ulrich H J Körtner. Artigo sobre Bultmann


Departamento de Teologia Sistemática na Faculdade de Teologia Evangélica e do Instituto de Ética e Direito na Medicina da Universidade de Viena

Busto de Bultmann na Universidade de Marburg

Rudolf Bultmann – Instituto de Hermenêutica


A Universidade de Marburg tem uma tradição hermenêutica longa e grande na área de humanas. Neste ambiente, Rudolf Bultmann desenvolveu um dos programas mais desafiadores da hermenêutica teológica.

Rudolf Bultmann - Sociedade de Hermenêutica e Teologia


Website:

domingo, 21 de abril de 2013

A OBRA DE BULTMANN


A produção literária de Bultmann é vasta, ele trabalhou temas que vão desde a crítica das fontes, crítica literária, filologia clássica, exegesse técnica, estudos gnósticos, filosofia existencial e hermenêutica. Para Battista Mondin, “todos os escritos de Bultmann são altamente significativos e levam a marca de um estudioso consciencioso, atento, agudo, profundo em geral, dotado de uma bagagem crítica e filosófica em comum” (MONDIN, 2003, p. 178).
As principais obras de Bultmann:
1910 – O estilo da pregação paulina e a diatribe cínico-estóica. Tese de doutoramento em Marburg.
1912 – A exegese de Teodoro de Mopsuéstia. Tese de habilitação à cátedra em Marburg.
1921 – A história da tradição sinótica. Obra de grande erudição em que, lançando mão de um “radicalismo crítico”, ele reconstrói a formação da tradição sinótica, a partir das tradições pré-literárias nascidas no contexto vivo das primeiras comunidades cristãs, até o trabalho redacional de fixação do texto.
1925 – O problema de uma exegese teológica do Novo Testamento. Estudo do período dialético.
1926 – Jesus. Ao investigar o ensinamento do Jesus terreno, Bultmann realçou que a proclamação de Jesus está centrada na vinda do reino de Deus.
1928 – O significado da teologia dialética para a ciência neotestamentária.
1933 – Crer e compreender (volume 1). Ensaios publicados em diversos períodos entre os anos de 1924 e 1930.
1941 – O Evangelho de João. “Em seu vigoroso comentário, ressalta a considerável rede de influência helenística, gnóstica e ‘mandéias’ a que o autor de tal evangelho foi submetido” (MONDIN, 2003, p.179).
1949 – O cristianismo primitivo no contexto das religiões antigas. Esta obra aborda as relações do cristianismo primitivo com o mundo do judaísmo, da filosofia grega e do helenismo, em que ele surgiu e se expandiu.
1952 – Crer e compreender (volume 2). Contém uma seleção de ensaios, de 1931 a 1951.
1953 – Teologia do Novo Testamento (1ª parte: 1948; 2ª parte: 1951; 3ª parte: 1952). Trata-se da principal obra de Bultmann.
1956 – Sermões em Marburg. Seleção de sermões de Bultmann, proferidos entre 1936 e 1950.
1957 – História e escatologia. Nesta obra Bultmann distingui história enquanto fatos acontecidos (Historie) e história enquanto percepção de eventos em sua repercussão e efeitos, na situação dada e nas possibilidades da existência humana (Geschichte).
1958 – Jesus Cristo e mitologia. Série de conferências proferidas em 1951, nos Estados Unidos (Universidade de Yale e Vanderbilt, entre outras).
1960 – Crer e compreender (volume 3). Contém ensaios de 1952 a 1958. Trata-se de artigos relacionados com a hermenêutica.
1965 – Crer e compreender (volume 4). Contém ensaios de 1961 a 1964. “Escritos no tempo da emergência da assim chamada ‘teologia da morte de Deus’ que suscitou intenso debate no qual Bultmann contribuiu, de maneira positiva e crítica, a partir de sua própria concepção teológica” (BULTMANN, 2001, p. 17).
1967 – Exegética. As principais contribuições exegéticas de Rudolf Bultmann.

David Rubens

CARREIRA ACADÊMICA DE RUDOLF BULTMANN


A atividade profissional de Bultmann começou em Oldenburg em 1907, onde ensinou no ginásio. Em 1912, começou sua carreira acadêmica, inicialmente na qualidade de livre docente de exegese neotestamentária na Universidade de Marburg, neste período Bultmann publicou cinco artigos e oito resenhas de livros, tudo relacionado ao método histórico crítico do Novo Testamento. Em 1916 foi nomeado encarregado na Universidade de Wroclaw (Breslau), foi no período em que ensinava em Breslau que Bultmann escreveu a História da Tradição Sinótica. Nesse meio tempo, Bultmann casara-se com Helene Feldman (1920), tendo duas filhas[1] de seu feliz matrimônio. Em 1920, foi chamado a suceder o célebre biblista Wilhelm Bousset[2] na Universidade de Giessen, mas apenas um ano depois preferiu deixar essa universidade para retornar a Marburg, que ele sempre considerou a sua pátria acadêmica, a fim de assumir a cátedra de Novo Testamento e de História da Igreja Primitiva sucedendo o teólogo liberal Wilhelm Heitmüller. Em 1921 Bultmann publicou uma de suas obras mais significativas, História da Tradição Sinótica, na qual introduziu no âmbito da pesquisa neotestamentária o Método Histórico das Formas. Entre os colegas de Bultmann em Marburg havia Rudolf Otto (que sucedeu Wilhelm Hermann) e Martin Heidegger. Além disso, Karl Barth e Friedrich Gogarten também lecionaram em Marburg. Todos estes quatro exerceram influência na teologia de Bultmann. Neste período ele abandonou a orientação liberal na qual tinha crescido e se aliou a Karl Barth e ao movimento da teologia dialética.[3] Ainda que sua passagem por essa teologia tenha sido rápida, muitos de seus conceitos marcaram seu pensamento notoriamente antiliberal e antimodernista.
Bultmann justificou seu afastamento da teologia liberal alegando que o tema da teologia é Deus, e que a teologia liberal não lidou com Deus, mas com o ser humano. Mas a mudança de Bultmann para a teologia dialética não implicou no abandono total do liberalismo. O método histórico-crítico é evidente no trabalho histórico de Bultmann. Para ele, o método histórico-crítico se mostra como ferramenta útil na interpretação de textos históricos. Contudo, assim como pensava Hermann, Bultmann assevera que a fé cristã não deve se fundamentar nessa forma acadêmica do estudo da religião.
Frederico Pieper Pires comenta que em um texto de 1924, Bultmann tece críticas à teologia liberal, reconhece seus méritos e influência:

A teologia liberal possui na primazia do interesse histórico, o seu caráter distintivo, e neste campo, fez suas maiores contribuições. Essas contribuições não se limitaram ao esclarecimento do quadro histórico. Elas foram especialmente importantes para o desenvolvimento do senso crítico, isto é, para a liberdade e para a veracidade. Nós que viemos da teologia liberal nunca teríamos nos tornado teólogos e assim permanecido se não tivéssemos encontrado nessa teologia a busca persistente da verdade radical (PIEPER, 2003, p. 22).

Após se aposentar, em 1951, viajou aos Estados Unidos e fez aí inúmeras palestras neste país até sua morte, manteve intenso diálogo com vários críticos e discípulos. Bultmann morreu em 30 de Julho de 1976, aos 92 anos (BULTMANN, 1964, p. 337).

David Rubens



[1]Antje Bultmann (nascida em 27 de julho de 1918), primeira filha de Bultmann. Gesine Bultmann (nascida em 1 de julho de 1920), segunda filha de Bultmann.
[2]Wilhelm Bousset (1865-1920), Bousset era uma figura proeminente da Escola da História das Religiões. Seu trabalho mais conhecido envolveu estudos comparativos entre a Igreja Cristã e outras crenças religiosas, particularmente judaísmo helênico. Bousset demonstrou em seus escritos que o pensamento cristão foi profundamente influenciado pelas culturas vizinhas e sistemas de crenças.
[3] A teologia dialética, denunciou as tentativas realizadas pela teologia liberal de reduzir ao silêncio a Palavra de Deus. A teologia dialética, afirma que o homem só com as suas forças (a filosofia, a cultura, a religião) não pode alcançar Deus, já que existe uma infinita diferença qualitativa entre Deus e o homem. Principais nomes da teologia dialética: Rudolf Bultmann, Karl Barth, Emil Brunner, Friedrich Gogarten, Eduard Thurneysen.   

Os Mestres de Bultmann


PENSADORES QUE EXERCERAM INFLUÊNCIA NA FORMAÇÃO INICIAL DE RUDOLF BULTMANN

Bultmann cresceu na famosa escola da Teologia Liberal Alemã[1] do século XIX: Seus mestres foram homens de clara fama liberal e de orientação histórico-crítica. Ele mesmo deixou a lista daqueles em relação aos quais sente-se particularmente devedor:
Em Tübingen, o historiador da Igreja Karl Müller (1842-1940). Em Berlim, o estudioso vétero-testamentário Hermann Gunkel (1862-1932): conhecido por sua contribuição para “crítica da forma”, e o estudo da tradição oral em textos bíblicos. E o grande historiador dos dogmas Adolf von Harnack (1851-1930): suas duas obras mais conhecidas são: “Manual de história do dogma”, em três volumes e a série de palestras “A essência do cristianismo”, texto clássico dateologia liberal. Harnack defendeu em sua obra principal História dos Dogmas, a evolução dos dogmas do cristianismo pela helenizacão progressiva da fé cristã primitiva.
Em Marburg, dois estudiosos do Novo Testamento; Adolf Jülicher (1857-1938): teorizava que Jesus não afirmou ser o Messias, mas que a igreja primitiva tinha reivindicado que era. Segundo esta teoria, o autor do evangelho de Marcos tinha inventado a ideia de “segredo messiânico”, segundo o qual Jesus tentou esconder sua identidade, e só revelou a alguns de seus discípulos. Johannes Weiss (1863-1914): conhecido por seu trabalhodacrítica do Novo Testamento. Ele escreveuasprimeiras interpretaçõesescatológicasdos Evangelhos (1892) e, em seguida, estabeleceu os princípios da “crítica da forma: análise das passagens bíblicas através de sua forma estrutural.
O teólogo sistemático Johann Wilhelm Herrmann (1846-1922), que era seguidor de Kant e Ritschl, é a mais significativa influência liberal no pensamento de Bultmann. Herrmann afirmava que a religião não pode ser totalmente assimilada pela ciência ou pela filosofia. Ela não pode ser reduzida a algo universalmente válido, mas está relacionada com a vida particular de cada indivíduo. “Herrmann critica duramente a adoção que o cristianismo fez da metafísica, confundindo religião e filosofia e se esquecendo do aspecto sui generis da religião” (PIEPER, 2003, p. 21).
E o teólogo sistemático Johann Wilhelm Herrmann (1846-1922): influenciado por Kant e Ritschl, via Deus como o poder da bondade. “Jesus era visto como um homem exemplar. Mesmo que Jesus nunca existiu, de acordo com Herrmann” (Ibidem, p. 21), seu retrato tradicional ainda era válido. Seu livro “A Comunhão do Deus cristão” era visto como um dos destaques do século XIX.

David Rubens


[1] A teologia liberal encontrou seu método na filosofia kantiana, a inacessibilidade da esfera religiosa à razão pura e, ao mesmo tempo, a redução da religião aos limites da mera razão. “Com a teologia liberal, tem início, assim, um processo de secularização da religião, seguindo o itinerário filosófico ou o histórico-filológico (Scheleiermacher, Ritschl, vonHarnach). Trata-se de uma teologia que parte da força de superação das contradições (Hegel) para harmonizar fé e razão, revelação e razão, humanismo e cristianismo” (GIBELLINI, 2002, p. 148). 

RUDOLF BULTMANN: UMA APROXIMAÇÃO


Rudolf Karl Bultmann nasceu em Wiefelstede (Oldenburg), na Alemanha, em 20 de agosto de 1884. Filho mais velho de Arthur Bultmann, pastor protestante da Igreja Luterana. Seus avôs paternos foram missionários na África e seu avô materno tinha sido pastor na pietista região sul da Alemanha (GRENZ, OLSON, 2003, p. 102). Bultmann cursou a escola primária em Rastede. O ginásio, em Oldenburg (1895-1903) foi colega do filósofo existencialista Karl Jaspers.[1] No liceu estudou a história da religião, distinguiu-se pelo estudo do grego e da história da literatura alemã (BULTMANN, 1964, p. 335).
Concluído o liceu, iniciou seus estudos teológicos na Universidade de Tübingen, em 1903. No ano seguinte, passou para a Universidade de Berlim e dois anos depois para a Universidade de Marburg. Foi aí que, em 1910, licenciou-se em Teologia, com a tese: O Estilo da Pregação Paulina e a Diatribe Cínico-Estóica, um tema sugerido a ele por Johannes Weiss. Dois anos mais tarde obteve a livre docência, com uma dissertação sobre a Exegese de Teodoro de Mopsuéstia, um tema proposto por Adolf Jülicher.


[1]Karl Theodor Jaspers (1883-1969), psiquiatra e filosofo, teve forte influência na teologia moderna e na filosofia. Jaspers tentou descobrir um sistema filosófico inovador. Foi muitas vezes visto como um dos maiores expoentes do existencialismo na Alemanha, apesar de ele mesmo não aceitar este rótulo.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Livros de Rudolf Bultmann em Português



"...já não podemos conhecer qualquer coisa sobre a vida e a personalidade de Jesus, uma vez que as primitivas fontes cristãs não demonstram interesse por qualquer das duas coisas, sendo além disso fragmentárias e muitas vezes lendárias, e não existem outras fontes". 
Bultmann

Livros que tenho em minha biblioteca e leio frequentemente.  



Jesus: Editora Teológica







Teologia do Novo Testamento: Editora Teológica







Demitologização: Editora Sinodal






Crer e Compreender: Editora Sinodal






Jesus Cristo e Mitologia: Fonte Editorial







Milagre: Fonte Editorial
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...